quarta-feira, 24 de abril de 2013

ENTREVISTA - BRUNO SANTOS



Bruno Santos hoje é considerado um dos surfistas mais respeitados quando o assunto é “andar por dentro dos tubos”. Depois de vencer o Alfa Barrels Contest no ano passado, o niteroiense começou 2013 com o pé direito. No final de fevereiro levou o título da primeira etapa do Circuito Brasileiro em Fernando de Noronha e, de quebra, ainda estava na disputa ao prêmio do Tubo da Temporada. Prestigiando a edição de aniversário, Bruninho visitou nossa redação e nos contou sobre suas recentes conquistas, além de seus próximos planos para um ano que promete!

Como é seu dia a dia de freesurfer?
Como freesurfer meu objetivo tem sido buscar sempre as melhores imagens nas ondas. Quando tenho tempo e consigo vaga em algum campeonato diferenciado, como foi o da Surfar no ano passado, ou então a triagem da etapa do WT no Tahiti, eu ainda participo. Qualquer evento com ondas perfeitas, principalmente tubo pra esquerda, eu tento uma vaga. Esse ano em Noronha não foi diferente. Mesmo não competindo muito, assim que eu soube que o Circuito Brasileiro ia começar não pensei duas vezes e marquei minha passagem. Ainda que eu não estivesse mais competindo no WQS, essa era a época que costumava ir pra Noronha, onde estavam todos os fotógrafos, pois sempre rendia um material maneiro. Então, aproveitei para conciliar os dois: campeonato e free surf.

E o que você sentiu com a vitória em Noronha?
A vitória foi alucinante! Fui super confiante e em todos os campeonatos já entro pensando em vencer. Eu já tinha vencido uma competição grande lá, o Hang Loose Pro em 2009. Fui bem focado e sabia que a previsão era boa, com ondas grandes. Você tem que ter aquela intimidade com os tubos porque é o que sempre define lá. Também tem que contar um pouquinho com a sorte, pois estava bem difícil e em várias baterias passei raspando. Mas é o tipo de onda que eu sempre entro pra ganhar.

Agora você pretende competir no Brasileiro? 
Na verdade o circuito deu uma enfraquecida em 2012, porém esse ano começou super bem com a etapa em Noronha. Qualquer um pode se inscrever e competir. É lógico que existe prioridade para os 96 primeiros, mas não é o meu foco mesmo tendo vencido a primeira etapa. Serão muitas etapas no Brasil todo e sei que em muitas seria difícil bater de frente com a galera. Com certeza, se eu não estiver viajando, não custa nada dar um gás e correr atrás um pouco. Ouvi dizer que vai ter uma etapa em Saquarema, que é um lugar que eu gosto também.

Ano passado você ganhou o Alfa Barrels Contest e este ano participou do Tubo da Temporada, sempre empenhado em vencer. De onde vem esse incentivo e o que te motiva?
No caso do Alfa Barrels, eu competi não só pelo evento, mas também para explorar um pouco mais aquela onda. Sempre vi altas fotos do Tojal, Jê, Pinguim, André Portugal... Já queria explorar o Alfa Barra com essa galera para fazer fotos maneiras. Então aproveitei que surgiu esse campeonato com um formato maneiro, diferente e que agrada mais a galera, além disso, fica mais divertido. Todo evento que tem tubo eu fico confiante, sem falar que a premiação chama a atenção também, né? Ainda mais sendo freesurfer.



Fale da sua participação no Tubo da Temporada.
A minha onda que concorreu ao Tubo da Temporada foi irada! Surfei na hora que mais rendeu e que mais foi registrada. Não foi um tubo tão profundo, porém foi uma onda quadrada, encaixada, um salão alucinante! Nesse dia estava um crowd infernal, pois foi logo depois do Pipe Masters, com todos os locais na água, e aquela onda acabou sobrando do nada. Já tinha até pego uma boa, mas aquela foi a que fez minha cabeça na temporada. Se eu não tivesse surfado ela, de repente a temporada não teria sido tão interessante. Devia ter uns 8 pés, porém quebrou bem na laje mesmo, chegou quadrada (veja o vídeo no site da Surfar no link Tubo da Temporada).

Qual a diferença do quiver que você levou para Noronha e Pipeline?
Para Noronha meu quiver é sempre o mesmo: duas 5’9, uma 5’1 e outra 51’1. Ou então três 5’9 e uma 5’11. Quando o mar sobe, eu também caio com prancha pequena. Mesmo sendo uma onda buraco e tubular, sempre tive mais facilidade com prancha pequena. Você acaba entrando um pouco mais atrasado, o drop fica mais crítico, mas em compensação fico mais à vontade para me movimentar dentro do tubo. Também tenho usado bastante quadriquilha. Vejo que é uma tendência, a galera que usava prancha maior também já vem puxando para baixo. Em Pipeline minha prancha mudou muito pouco nos últimos anos. Costumo usar uma 6’6 mais grossinha e nos maiores dias uma 6’8, o que já é suficiente. Se tiver um mar gigante, arrumo uma prancha emprestada por lá, mas meu quiver é sempre de poucas pranchas, pois não costumo viajar com muitas.

Como você vê o seu trabalho de freesurfer no Brasil nesse panorama de crise?
Na verdade essa decisão foi um acordo com o meu patrocinador, que é uma marca que já carrega uma pouco desse lifestyle. Por mais que todos os atletas tops da marca sejam campeões, participando do WT, a Rip Curl sempre teve muito lado a lado com essa parte da “busca da onda perfeita”, de viagens, da essência do surf. Então a gente viu que eu me encaixava muito mais nesse segmento, porém tem espaço pra todo mundo. Nenhum dos dois segmentos é fácil, você tem que se dedicar, pois é um trabalho. Mas essa foi a forma que encontrei de continuar nesse lifestyle de estar viajando, sempre surfando ondas perfeitas, já que sou meio viciado. Também acho que a situação mudou bastante. Alguns anos atrás ninguém enxergava um surfista que não fosse competidor. Hoje tem mudado um pouco, ninguém fica rico só no free surf, porém leva uma vida legal, sempre viajando em lugares maneiros. É uma vida bem bacana, mas ao mesmo tempo não é fácil, você tem que saber trabalhar, dar o retorno para os patrocinadores...

Quais são os seus próximos planos?
A próxima viagem que tenho programada é para o Chile. Não para Arica e sim mais para o sul, sem muito daquela logística que tem rolado ultimamente de seguir previsão de swell. A gente vai descer para explorar e surfar mesmo, curtir e conhecer o lugar, sem muitos planos. Parece que está para surgir uma competição em Mentawai só pra convidados e acho que vou fazer parte desse evento. Mas muitas trips acabam acontecendo de última hora por conta do swell. A princípio é o que sei de concreto. Fiquei amarradão com a vitória em Noronha! Vencer é muito bom, só que não mudou muito meus objetivos, pois eu já estava arrumando um pretexto de ir para lá, que é um lugar que quero sempre voltar, que está sempre bombando.


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