quarta-feira, 24 de abril de 2013

S.O.S SÃO CONRADO






No mês de agosto, um grupo de amigos decidiu fazer uma manifestação para chamar a atenção sobre o problema do esgoto lançado in natura no mar de São Conrado. Sem obter um retorno  das autoridades, os ativistas se reuniram para criar um movimento mais organizado. Então surgiu o “Salvemos São Conrado”, inspirado em uma mobilização parecida que aconteceu após uma catástrofe natural em Puerto Escondido, México. Conheça mais sobre o projeto e saiba como ajudar um patrimônio natural que é vítima do descaso.

   Localizada na zona sul do Rio de Janeiro e conhecida por suas esquerdas tubulares, a praia de São Conrado sofre com um problema que existe há muito tempo. Diariamente litros e mais litros de esgoto são despejados no mar sem receber nem mesmo o tratamento primário que os orgãos responsáveis deveriam fazer. Todo tipo de resíduo, tanto líquido quanto sólido, pode ser visto até pelos olhares menos atentos de quem frequenta a região. Denúncias são feitas, porém nada acontece. E o abandono em que a praia se encontra também se estende para além do calçadão. Áreas urbanísticas entram cada vez mais em estado de precariedade, um cenário que evidencia a condição de um lugar esquecido: grades de proteção foram arrancadas por uma ressaca, assim como a rampa de acesso à areia e alguns poucos bancos de praça, que estão cada vez mais degradados.
   A praia de São Conrado fica a poucos metros da maior favela da América Latina, a Rocinha, comunidade que abriga centenas de surfistas e bodyboarders de todas as idades. Diariamente eles descem o morro para encontrar lazer nas ondas, mas o que era pra ser apenas diversão também representa uma ameaça. Casos de pessoas que contraíram desde doenças de pele até hepatite são cotidianos. Um grande perigo para os frequentadores, que não são informandos dos riscos que correm ao entrar na água. Então fica uma pergunta: se a praia fosse point apenas dos moradores dos condomínios luxuosos que se estendem pela orla, será que o descaso seria o mesmo?


   Segundo Fabrini Tapajós, representante do movimento ‘Salvemos São Conrado’, a verba do governo não vem sendo utilizada para o tratamento do esgoto como deveria: “Existem duas pequenas estações em São Conrado, uma de responsabilidade da Rio Águas, que fica localizada na Vila Olímpica, e outra de responsabilidade da CEDAE, que fica próxima ao Hotel Nacional. Mas a nossa praia está sempre podre. Desde 2003, quando foi feita uma obra de maquiagem pelo então prefeito Garotinho, não tivemos um dia sequer de praia própria para o banho e isso são dados da própria prefeitua.” E Fabrini vai mais além para explicar o objetivo dos ativistas: “O cano de responsabilidade da CEDAE, que leva parte do esgoto do bairro para o emissário de Ipanema, está em estado precário e estoura frequentemente, derramando milhares de litros de esgoto no costão da Niemeyer. Nosso objetivo é primeiramente resolver a questão mais grave, que é a poluição, e em seguida buscar melhorias, principalmente para o canto esquerdo da praia que é esquecido.”
   Para manter o projeto e realizar ações, o “Salvemos São Conrado” está vendendo camisetas, além de receber doações de pequenas empresas dos próprios surfistas do bairro e de simpatizantes do movimento. Os ativistas pretendem agora reunir uma equipe de profissionais, como biólogos, engenheiros sanitários, advogados e ambientalistas, para auxiliarem na montagem de um dossiê com laudos técnicos e entrar com uma denúncia no Ministério Público. As pessoas também podem ajudar pressionando os órgãos competentes através do site paneladepressao.org.br, que criou uma campanha que exige resposta das autoridades. “Não podemos mais viver de promessas e ficar vivenciando esse descaso diariamente. É desumano e criminoso, e o ‘SALVEMOS SÂO CONRADO’ veio pra mudar esse panorâma que vivemos há décadas”, completa Fabrini.
Mais informações sobre o projeto no site salvemossaoconrado.org e na comunidade do Facebook ‘Salvemos São Conrado’.


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