quarta-feira, 24 de abril de 2013

FÉRIAS DE VERÃO - LOBITOS/PERU





Onde você escolheria passar suas próximas férias? Sem dúvida, o Peru ainda é um destino muito procurado pelos brasileiros, principalmente para aqueles que estão atrás de ondas perfeitas por um custo x benefício que cabe no bolso. Pensando nisso, dois grupos de surfistas profissionais, acompanhados pelos fotógrafos Clemente Coutinho e James Thisted, foram atrás de um swell que entrou em Lobitos. A Surfar resolveu entrar na barca para saber se esse destino foi realmente a escolha certa. Acompanhe os depoimentos dos fotógrafos sobre a trip e tire suas conclusões.

   Uma trip para o Peru normalmente acaba sendo a primeira dos brasileiros. E mesmo sendo países vizinhos, a viagem dura em torno de doze horas saindo do Rio ou São Paulo. Apesar de saber do potencial do lugar, só tive oportunidade de conhecer o pico depois de ter viajado bastante ao redor do mundo. Em maio do ano passado, fui até o norte do Peru para fotografar e filmar. Retornei ao Brasil encantado e já comecei a sonhar com a próxima trip. Ao monitorar o swell para Lobitos, recebi de alguns amigos nordestinos o convite para essa barca e agilizamos tudo muito rápido.

AS TAXAS DO DESEMBARQUE

   Quando chegamos ao aeroporto de Lima, fui barrado na alfândega por conta dos meus equipamentos fotográficos. O agente perguntou se eu era repórter e se tinha cartão de visitas. Logo depois, me levaram para uma esteira ao lado e disseram que eu deveria ter declarado o meu equipamento. Expliquei que eu era profissional e tudo que estava comigo iria retornar para o Brasil, mas me pediram US$ 380,00 para liberar, então disse que esse era o valor que pretendia gastar durante minha estadia em Lobitos. Depois de muita conversa, aceitaram receber US$ 140,00 no cartão de crédito.
   Para um país que quer aumentar o fluxo de turismo, essa é uma atitude um tanto estúpida e desrespeitosa. Ao meu lado tinha um economista com diversos livros que ele iria usar no seu trabalho e sequer foi revistado. Que diferença faz o tipo de trabalho? Entrei no site da embaixada e não existe explicação para esse tipo de atitude. Portanto, se você pretende ir fotografar ou filmar no Peru, fique esperto ou será taxado igual a mim.

ESTRUTURA DO PICO

    No ano passado existiam apenas três hotéis/pousadas à beira-mar, que já estavam todos lotados, porém acabamos conseguindo vaga em um que estava em construção. Mas quando chegamos fiquei surpreso! Das três hospedagens que havia, agora tinham nove na praia, sem contar com as outras. A comida é basicamente peixe, porém no Hotel Lobitos o cardápio é bem variado a um preço um pouco mais salgado, embora a qualidade compense para quem aprecia a culinária peruana. Nos arredores também há alguns restaurantes onde, por apenas R$ 10,00, é possível comer um “PF” de peixe grelhado com arroz e batata frita.



VALE OU NÃO A PENA?

    Mesmo com toda a explosão do crowd devido à qualidade das ondas, Lobitos ainda é um lugar que merece toda atenção. Com uma combinação de swell e vento, a onda começa em El Hueco, passa por Frontera e termina em Lobitos, o que deve dar uma extensão de uns trezentos metros de tubo e manobra. E se antes mal dava para surfar com 20 pessoas na água, imagine com quarenta e cinco, sendo seis peruanos em um pico onde as séries têm no máximo quatro ondas?! Então a pergunta: vale ou não a pena enfrentar doze horas de viagem e mais o crowd para surfar uma onda assim?
    Em Lobitos, você vai esbarra com muitos brasileiros e de cara encontramos alguns de diversas partes do Brasil. Entre eles estavam Ian Gouveia, Lucas Silveira, Yan Sondahl e parte do time da Mormaii, que testava novos equipamentos para ondas frias e geladas. O swell, apesar de não ter durado muitos dias, foi o suficiente para se divertir e manter o rip, já que por aqui não havia muita coisa para se fazer.

   A relação investimento versus qualidade das ondas faz do Peru uma das melhores trips para surfistas brasileiros. Tanto amadores quanto profissionais sabem que com um bom swell não tem opção melhor perto de casa. Agilizamos nossa ida para Lobitos e a barca foi formada pelos atletas Yuri Gonçalves e Alex Ribeiro, além de Carlos Carpinelli (departamento de criação da Mormaii), Pietro Paradeda (designer das wetsuits) e o freesurfer paulistano Fabiano Zicalzi. O objetivo principal era captar imagens em foto e vídeo com as novas wetsuits da Mormaii, como também o treino que as longas esquerdas do pico proporcionariam aos atletas profissionais para as futuras competições.

A LOGÍSTICA DA TRIP

    Claro que em cima da hora não podemos contar com todos os descontos e “boiadas” que uma trip planejada com antecedência pode oferecer, mas faz com que a gente chegue junto com a ondulação. Como não tínhamos reservas, a opção foi ir de Floripa a São Paulo de ônibus, o que tornou a viagem mais longa e cansativa. Saímos de Santa Catarina numa noite e na manhã seguinte estávamos em Guarulhos para pegar o voo para Lima somente no fim do dia. Chegamos em Lima por volta das 23:00hs e o voo para o norte partiria às 5:00hs da manhã seguinte. Como o tempo era curto para gastar em hotel, o jeito foi armar um acampamento no saguão do aeroporto.

RESPEITAR E SER DA PAZ FAZ A DIFERENÇA

   Já fui para Lobitos três vezes e em nenhuma delas fiquei hospedado no pico por causa da falta de estrutura e também pelo perigo de assaltos no local, porém desta vez fiquei impressionado com o crescimento que o surf trouxe para a região. Hoje existem várias opções de pousadas, hotéis e campings bem em frente ao pico, sem falar que a infraestrutura da vila melhorou bastante principalmente em relação à segurança, ruas asfaltadas, restaurantes, mercados, etc, sem que os preços tenham subido em igual proporção.
   O crowd também aumentou bastante. Foi comum ver rabeadas “na cara dura”, a maioria feita por peruanos de outras partes do país, sendo que alguns mal sabiam surfar. Senso de coletividade meio distorcido para dizer o mínimo. Nessas horas, respeitar e ser da paz faz a diferença.

INVESTIMENTO COM RETORNO

    O surf na área não é restrito a Lobitos e existem outras opções. Você pode ir caminhando para outros picos, como El Hueco, Molhes, Piscinas e Baterias. Normalmente a aposta certeira é Lobitos, mas elegemos os Molhes para a queda do meio do dia, pois nesta hora, com a entrada do vento, o crowd diminuía e as ondas continuavam boas para o treino e produção das imagens. Também é comum encontrar outras barcas de brasileiros. Na viagem tivemos a sorte de encontrar meu brother e colega de profissão Clemente Coutinho, que estava acompanhando uma galera de surfistas profissionais e freesurfers do nordeste.
   Com turistas, fotógrafos e surfistas crowdeando os bons picos de onda em todo planeta, Lobitos continua sendo uma grande pedida para os brasileiros que querem investir numa trip com garantia de surf de qualidade. Sabendo respeitar, Lobitos oferece espaço e onda para todos!


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